Em algum momento da madrugada do dia 18 de fevereiro, no domingo de Carnaval de 2007, eu iniciei, mesmo sem saber, a parte mais doce e feliz da minha história nessa porra de mundo. E confesso que, após recontar aquele dia tantas vezes, eu já me perdi entre o fato e o que eu lembro dele.
Mas como todo jornalista, sempre vou saber montar o lide desta parte da vida.
Pra hoje, no dia que completam 18 anos desde que conheci o Ângelo, ele vai ser escrito assim:
“A sorte, um dia, me sorriu. Eu sorri de volta. E após tantos dias cinzas e nublados, eu redescobri quão bonito é o céu após a tempestade passar”.
Simples assim.
E poético para não perder o hábito.
Aliás, é engraçado reduzir tudo que aconteceu naquela madrugada em duas linhas, principalmente quando eu sou a parte do relacionamento que ama verbalizar e contar (ao vivo ou em prosa), essa odisseia que me acomete ao longo das duas últimas décadas.
Mas vai por mim: o que os outros precisam saber, eu já contei.
O que ainda não disse é porque concordo com o Sabino quando ele afirma que “só o silêncio é sincero”.
Também tem outro trem importante aqui.
Nessa maioridade da gente junto, talvez eu nem saiba direito resumir tudo que deu certo.
E não é só porque foi muita coisa.
Não sei resumir porque percebi que a graça de viver a dois é simplificar o que se sente mas não querer que isso caiba numa explicação.
Ou seja, continua não tendo segredo.
Mas ainda tem método.
Que a gente passou a acreditar que é ter uma vida minha, outra dele e uma nossa.
E nesta última, que é a única que nos cabe ao mesmo tempo, a regra que tem funcionado é mais simples do que parece e está presente de forma explícita numa animação que todo mundo conhece: continue a nadar.
E então, após percorrer 18 anos, dá um quentinho na alma essa percepção clara de que ainda há planos. Inclusive nem tem três dias que conversamos sobre isso.
Papo sério mesmo.
Que despropositadamente se tornou quase uma bússola do que queremos ali na frente.
O que é?
Coisa nossa.
Hora dessas vocês vão descobrir.

Só sei que não tenho a mínima ideia de como tudo seria se não fosse como foi.
Se ele não estivesse ao meu lado.
Porque, no fim das contas, o Ângelo foi o tal farol que apontou o caminho.
E por mais incrível que pareça, continua brilhando após tanto tempo e ainda me fez acender a luz que eu carrego comigo.
Se quiséssemos, poderíamos ser infinitos sim.
Mas ambos sabemos que tem sido muito melhor, do nosso jeito, continuar sendo heroi por um dia.
Foi assim que chegamos até aqui.
E que, penso eu, vai nos deixar ir além.
Sei lá pra onde.
Mas não tenho a menor dúvida sobre como.
Juntos.
Pra não terminar aqui só com romantismo barato, resolvi fazer uma lista de 10 coisas sobre nós que a maior parte das pessoas que nos conhecem não sabem. Acompanhe só.
1 | Em 18 anos, temos apenas 7 fotos se beijando. Uma tirada por um amigo, o Thiago Barcellos, no nosso casamento civil. Duas tiradas por uma amiga, a Êmile. Outras duas, pela fotógrafa mais famosa de Ouro Preto, a Anne Souza (uma no Carnaval e outra, no Festival de Inverno). E as duas últimas, por coincidência, é de outra garota, desta vez a Natália Zinato, que fotografou o nosso casamento e a segunda formatura do Ângelo. Para matar a curiosidade, as sete estão logo abaixo.







2 | O melhor amigo do Ângelo já foi um dos caras que eu mais odiava na vida - e vice-versa. Mas muito além dele, a gente aparou as arestas e hoje temos uma amizade que sequer passa pela presença do Ângelo. E tenho que admitir que, de tão diferente que somos, aprendemos um com o outro e acabamos por nos tornar aquela dupla toxicamente necessária pra se ter como companhia.
3 | A primeira ideia para celebrar o nosso casamento teve como opção de cerimonialista alguém que se tornou madrinha, a Ester. Não lembro como chegamos na Flávia (que foi quem o realizou), mas no fim das contas, saiu melhor do que o planejado.
4 | Quando eu passei em Jornalismo, só soube porque o Ângelo me ligou. No exato momento em que ele me contou, eu estava a caminho da Faculdade de Direito de Mariana para me matricular num curso que era a opção que eu achei que tinha dado. Aliás, quando decidi por tentar me formar de novo, 10 anos após a última desistência, só o fiz porque ele me enchia a paciência para que eu fizesse isso. Foi minha melhor decisão.
5 | Ainda que não pareça, dos dois, eu sou o mais meloso, o que lembra das datas, o que faz surpresas e ama coisas românticas. Ângelo é o prático.
6 | A gente ainda conversa sobre filhos mas a única concordância dos dois é que pra adotar, vai ter que ser com o mínimo de exigências possíveis, tipo idade, sexo, cor ou afins. E possivelmente, o que rende mais tempo nessa discussão é pensar sobre como inclui-lo nas viagens que ainda queremos fazer.
7 | Dentre todas as coisas que temos em comum, dá para colocar no topo (e que evitam muita confusão): paixão por filmes de terror, cochilo pós-almoço aos sábados e domingos, dia off em todas as viagens acima de 7 dias, visitar museus e cemitérios (sim, a gente ama) e descobrir novos lugares para comer. Ah, e receber os amigos em casa (quando estamos a fim, fazemos questão de ser ótimos anfitriões).

8 | 90% dos nossos planos tem a ver com viajar. E não é difícil combinarmos os destinos porque sempre foi bem dividido as funções de cada um. Ângelo olha custos, logística, o que precisamos conhecer e afins. Eu fico com lugares pra comer e lados B.
9 | Entre os nossos padrinhos de casamento, temos um casal que conhecemos pelo Twitter. Eu comecei a segui-lo porque o nick dele era de um dos meus personagens literários favoritos. Depois passei a seguir a esposa.
E tão atípico quanto pensar neles para padrinhos, foi o fato de aceitarem de prontidão e estarem lá, mesmo saindo de São Paulo e com um filho de colo. Eu tô falando da
e do Rob Gordon, que viraram grandes amigos.10 | Um monte de gente acha que mudamos pra BH por causa do prêmio do programa Quem quer ser um milionário? Não foi. O que rolou é que eu já estava de home office por causa da pandemia e ele conseguiu uma promoção no banco. Na verdade, mudamos em julho mas era pra eu ter participado do programa em junho. Só que no dia de embarcar pra gravar (era o Caldeirão do Huck ainda), teve aquele BO com o Faustão não ir gravar e colocar o Tiago Leifert. Aí me pediram pra esperar e cancelaram. Quando me ligaram de novo, a gente já tinha mudado.
Bem, é isso.
Dell, que maravilhoso fazer parte da história de vcs dois. E ainda por cima estar no top 10! ❤🥰