Resenha | Bridget Jones: Louca pelo garoto
Esqueça o título. O final da saga é sobre outra coisa.
Nota: 10/10
Bridget Jones está de volta, e desta vez ela não está apenas louca pelo garoto - ela está louca pela vida.
Aliás, é importante dizer isso porque "Bridget Jones: Louca pelo Garoto" é um título que engana. Afinal, quem espera mais uma comédia romântica sobre uma mulher desesperada por um homem vai se surpreender.
Este filme é, na verdade, uma ode ao amor-próprio, disfarçada de comédia britânica.
E pra variar, Renée Zellweger está simplesmente impecável. E desta vez, ela incorpora Bridget com uma maturidade e profundidade que nos faz sentir como se estivéssemos reencontrando uma velha amiga.
Sua performance é um equilíbrio perfeito entre a Bridget atrapalhada que conhecemos e uma mulher que enfrentou perdas e cresceu com elas.
O "garoto" do título? Bem, ele é mais um catalisador do que um objetivo final. O verdadeiro coração do filme está na jornada de Bridget para se redescobrir como mãe, profissional e, acima de tudo, como mulher que merece ser amada - principalmente por si mesma.
E falando em amor, a presença de Mark Darcy (Colin Firth) é sentida de forma pungente ao longo do filme. Não fisicamente, mas como uma lembrança doce e agridoce que permeia a narrativa. É um toque de sentimentalismo que adiciona profundidade à história sem cair no melodrama barato.
Claro, eu não contei, mas devo ter chorado 5 ou 6 vezes. E na maior parte das vezes, foi quando ele se fez presente (ou ausente de forma bonita) na trama.
Ah, e tem-se que pontuar que a morte de Darcy é fio condutor das decisões de Bridget. Que, em geral, transitam entre “como continuar a vida” e “como manter a memória de um grande amor, viva?”
O que dá para dizer é que a presença de dois filhos vai ajudar (e divertir) na busca pela resposta. E uma atenção especial à garotinha Mila Jankovic que faz Mabel, a única filha possível que Bridget poderia ter.
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No fim das contas, "Bridget Jones: Louca pelo Garoto" é uma surpresa deliciosa. É engraçado, comovente e surpreendentemente profundo. É um filme sobre recomeços, sobre aceitar a passagem do tempo e sobre encontrar alegria nas pequenas coisas da vida. Que ainda trouxe de volta os velhos amigos e as melhores (e piores) memórias.
Quer um exemplo? Daniel Cleaver (Hugh Grant) está lá. Adoravelmente canalha, mas da única maneira possível de ainda existir na vida de Bridget (não vou dar spoiler. Vejam!)
Posto ao lado dos outros três filmes, dá para dizer que, após tantas reviravoltas e situações hilárias da protagonista, o roteiro amadureceu com ela. E pra isso, acertou brilhantemente em trocar a importância do garoto na história (ele tem o espaço que merece) e trazer o foco ao que realmente importa: Bridget.
Se eu tivesse que dar uma nota, seria um sólido 10/10. Não porque é um filme perfeito, mas porque é perfeitamente Bridget - imperfeito, honesto e absolutamente adorável.
Este filme não é apenas um adeus à franquia, mas uma celebração de tudo o que Bridget Jones representa: a coragem de ser imperfeita, a força para recomeçar e a capacidade de rir de si mesma, mesmo nos momentos mais difíceis.
E no fim, não é disso que se trata a vida?
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